Monday, March 28, 2011

"Más bien los placeres los encontraba en la soledad de su cuarto que en la vida exterior. En el recuerdo, su padre ha sido siempre un animal doméstico al que lo que más podía molestar era una escapada de fin de semana a la sierra, la visita de familiares o un compromiso que implicara salir de casa." (Saber perder, p. 378)

Sunday, March 27, 2011

"Sabes esa sensación de que ya no conocerás a nadie interesante en tu vida y que tampoco tienes tiempo para los que ya conoces?" (Saber perder, p. 372)

"Aunque ahora me escuches como si lo que yo digo no fuera más que un oscuro recuerdo, sé que tienes clarísimo cómo era y cómo pensaba el niño que eras tú. Ante la sonrisa de Joaquín, como si aquello le pareciera un juego psicoanalítico demasiado complicado para el lugar y la hora, Leando prosiguió sin pasión. No creas, yo soy igual, a veces me sorprendo a mí mismo sintiéndome mirado por el joven que fui." (Saber perder, p. 377)

Sunday, March 20, 2011

Fico sempre um pouco triste quando termino um livro. E não porque o desfecho seja diferente do que eu espero. É a vida que continua igual.

Sunday, March 13, 2011

Separou o frasco de palmito da gôndola. Helena. Palmito Helena.

Seis anos atrás, na saída do trem, numa cidade pequena, pequena, "qué tal, Roberto?". Helina tinha um sorriso direto e agressivo. Usava os lábios, quase abertos, quando não entedia bem o que eu falava, o que queria dizer. Tropeçava no castelhano, "ya lo estudiaba antes de viajar a España". Dali a três meses, voltava para Tartu. "Me tienes que ir a visitar".

Foram caminhando, chegaram até a praça principal da cidade, com igreja e prédio da prefeitura, onde entraram num bar e pediram cerveja. Estava frio. Gozado: gosto mais de me lembrar das pessoas que vi vestidas de frio. Helina peguntou o que eu andava fazendo. Lendo.

Miquel e outras três pessoas chegaram agitadas, chamando de longe, voz alta. Falaram de algumas viagens, de planos para projetos que apresentariam à União Europeia. "Te apuntas?", perguntou Xavi. Acho que não, preciso ficar mais tempo por aqui. Levantei para pegar água e, sentando, de volta, falei que faltava pouco para dar o horário do trem. "Nooo, te quedas", Helina, olhando para mim. Roberto ficou preocupado, um táxi até sua casa, "no, no hay manera. Me costará un montón".

Helina olhou de novo, com o sorriso, para dizer que eu poderia dormir no apartamento dela. "Mi cama es grande", tomei um susto e fui embora. Mas voltei no dia seguinte. E já não me lembro bem.

Saturday, March 12, 2011

Ela perguntou se eu bebia alguma coisa. Perguntou se eu tinha chegado fazia tempo. Onde era o banheiro. Você não come carne?

Em Buenos Aires, tem uma rua com o meu nome. Que eu saiba, não tem uma rua com o nome dela, aqui em São Paulo.

Escuto música triste. Deito na sala e olho para o abajur. Coloquei uma lâmpada bem amarelada. Sinto a franja do tapete tocando o tornozelo, o braço. Ela não entende por que ainda prefiro morar sozinho. Não entende quando preciso de ar. Quando preciso de solidão. Não entende a música que eu ouço e por que danço as músicas que eu ouço.

Não entende e me pergunta, por quê?

Wednesday, March 09, 2011

"Gracias. Sonaba a apretón de manos más que a beso. A despedida más que a regreso." (Saber perder, p. 218)
"Dos hombres primitivos vestidos con pieles junto a su cueva, y uno le dice al otro: aquí estamos sin contaminación, sin estrés, sin atascos ni ruidos y mira, nuestra esperanza de vida no pasa de los treinta años." (Saber perder, p. 132)
"Perder amigos es un proceso lento, donde dos íntimos caminan en direcciones separadas hasta distanciarse de manera irremediable." (Saber perder, p. 104)

Tuesday, March 08, 2011

Tú crees que cuando seamos mayores seguiremos siendo amigos?
Hay mucha gente que de pequeño son amigos a muerte y de mayor ni se conocen.
Regiane chegou a Berlim decidida a não ter medo de parecer tonta. Logo que percebeu que os alemães estavam acostumados ao Regina, mudou o nome. No restaurante vietnamita em que trabalha, em Friedrichshain, começou recolhendo pratos. Agora, é garçonete mesmo - toma uns pedidos raros, com nomes originais, filtrados por um sotaque de brasileiro que fala muito mal alemão. Visitou algumas exposições de foto no ano passado. Rafael, amigo que conheceu na Gesundbrunnen, enquanto tentava comprar um guarda-chuva, estava finalmente mostrando seu trabalho numa galeria do centro. Não entendia nada de foto e fazia questão de admitir. Quando Rafael convidou, disse que era bem simples, você vai gostar. Regiane foi numa folga de terça-feira, deixou o sobretudo forrado num suporte pregado na entrada e adorou. Voltou para casa supreendida, incomodada e cansada; gostava muito de alguma coisa que não sabia explicar. Sabia que diversas vezes tinha deixado Berlim ser muito menor do que era, ou podia ser, porque as coisas, na sua cabeça, estavam divididas entre é e não é para mim.

Por que você veio para Berlim?, perguntou Rafael, semanas depois, por e-mail. Regiane ficou na dúvida. Saiu porque queria mais tranquilidade, uma vida mediana, com seguranças e garantias médias. Foi trabalhar num emprego médio, por um salário médio. Dividia apartamento con Cristina, equatoriana, num jeito médio, com conforto e satisfação média. Então, precisou de ajuda na estação de metrô, quando Rafael disse "é Regenschirm, Regenschirm". Conversaram no vagão, rapaz inteligente. Meio sem jeito, talvez sem planos muito claros, com vontade de milhões de coisas e Berlim na mão. Totalmente fora da média. Rafael não era muito para ser amigo de pessoas como ela. Tinha estudado bastante, escola e família boa. Às vezes, ficava confusa tentando entender se a simpatia dele era pena ou educação. Até e-mail ele respondia. Foram num mexicano, beberam Club-Mate e falaram de fotos de família. A mãe da Regiane e a mãe do Rafael tinham paredes cobertas com fotos da família. Legal.

Amanhã, Regiane vai pedir demissão no restaurante. Está frio em Berlim, e ela também está pensando em mudar de apartamento.

Sunday, March 06, 2011

Cuidando do meu bloguinho.
"La ruptura había sucedido sin demasiadas explicaciones. No supe hacerlo, se recriminaba Ariel. Ella seguía enamorada y él en cambio no sentía nada más que un cariño difuso, agarrado a lo mucho que la había deseado un día, a su relación serena, bonita, pero nunca plena. De los demás se despidió con más ruido, pero con ella corría un telón al amor, extraño, cruel. Con todos el adiós era amargo, como si cerrara un capítulo. Pero ayudaba el alcohol. No soltó el discurso que le pedian a gritos, que hable, que hable, y fue el amanecer el que los mandó definitivamente a la cama." (Saber perder, p. 66-67)
"En esto lo peor que te puede pasar es creerte mejor de lo que en verdad sos". (Saber perder, p. 72)
Tinham me convidado para uma festa. Foi ontem e não fui. Lembrei hoje, enquanto voltava do supermercado. 100 gramas de salame italiano e provolone. Estava chovendo. Parei na banca e comprei uma dessas capas plásticas que param no joelho. Fantasia boa para o meu Carnaval.

Thursday, March 03, 2011

Você poderia estar preocupada com a prestação do carro, com a roupa de sexta-feira, a roupa fora de lugar. Você poderia estar nervosa porque não tem coca-cola, porque eu demoro para chegar, porque eu bebo cerveja e tenho um irmão, porque amanhã vai chover, porque abriu um restaurante novo, porque não vai viajar no Carnaval. Você poderia estar magoada porque não atendi o telefone, porque perdeu Big Brother e a TV piscou. Porque ontem foi terça-feira, porque amanhã é quinta, por causa das coisas que não sei guardar. Meia, livro de receitas, cds gravados e suco de mamão. Você poderia estar com medo de envelhecer, de esquecer, de emburrecer, de desfazer, de querer, de encher e me perder. Você poderia estar perto, estar todos os dias, estar aqui. E o mais grave: você está.
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