A gente pode achar que dura. Mas não dura. É tudo curto demais. Mesmo esticando os dedos, minha mão não dá conta de medir o mundo. Fico parado, com a mão aberta, decepcionado. Escapou. As coisas fazem falta. Estão aí, dando sopa, mas não estão nunca em mim. Às vezes, poucas, comigo. Mas não em mim. E mesmo quando volto e reencontro um lugar, uma pessoa, que perdi há anos, concluo que foi tudo imaginação. O lugar, a pessoa, a perda. Nunca tive nada. Sou curto para caberem as grandes coisas que inventei. O que eu invento já existe de um jeito diferente, grande, fora de mim. E sou sempre pouca coisa perto de cada uma delas. Insuficiente e curto demais.
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