Separou o frasco de palmito da gôndola. Helena. Palmito Helena.
Seis anos atrás, na saída do trem, numa cidade pequena, pequena, "qué tal, Roberto?". Helina tinha um sorriso direto e agressivo. Usava os lábios, quase abertos, quando não entedia bem o que eu falava, o que queria dizer. Tropeçava no castelhano, "ya lo estudiaba antes de viajar a España". Dali a três meses, voltava para Tartu. "Me tienes que ir a visitar".
Foram caminhando, chegaram até a praça principal da cidade, com igreja e prédio da prefeitura, onde entraram num bar e pediram cerveja. Estava frio. Gozado: gosto mais de me lembrar das pessoas que vi vestidas de frio. Helina peguntou o que eu andava fazendo. Lendo.
Miquel e outras três pessoas chegaram agitadas, chamando de longe, voz alta. Falaram de algumas viagens, de planos para projetos que apresentariam à União Europeia. "Te apuntas?", perguntou Xavi. Acho que não, preciso ficar mais tempo por aqui. Levantei para pegar água e, sentando, de volta, falei que faltava pouco para dar o horário do trem. "Nooo, te quedas", Helina, olhando para mim. Roberto ficou preocupado, um táxi até sua casa, "no, no hay manera. Me costará un montón".
Helina olhou de novo, com o sorriso, para dizer que eu poderia dormir no apartamento dela. "Mi cama es grande", tomei um susto e fui embora. Mas voltei no dia seguinte. E já não me lembro bem.
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