Saturday, December 25, 2010

Decidi tomar cerveja antes de sair. Pensei em janeiro e em novembro. Ando pensando demais nos meses do ano. Coloquei a carteira no bolso. A chave do lado direito. Podia ter levado o i-pod - e levei. Podia ter levado a cerveja - mas decidi comprar outra no supermercado. Fechado. Na esquina da Brigadeiro, balancei a cabeça; era para ser uma dancinha, mas virou "não".

Não era para eu estar em outro lugar. Com uma amiga em Paris. A família longe daqui. Não era para eu mudar de vida. Não era para eu casar este ano. Para eu comer camarão. Não era para eu escolher o disco do mês. Vencer na rifa do clube. Esquecer o táxi de ontem. O reembolso de segunda-feira. O vídeo porn favorito. Não era para eu estar na praia. Voltar ao cinema. Ou comer bolo caseiro de cenoura. A doceria fechou. O trânsito parou. O trânsito parou.

Não reiniciei o computador. Não reiniciei o carro. Não reiniciei o celular.

Alguns parentes não vêm em casa. Alguns amigos não vêm em casa. Tem puta que só atende em flat.

Amanhã, alugo uma bicicleta.

Sunday, December 12, 2010

Talvez eu precise de mais dois sorvetes de uva para deixar de pensar que tudo o que ainda vou fazer compete com o que já fiz. Que os nomes com B, os nomes com V, foram próprios demais para não se incomodar com outra terminação.

Toda vez que como pizza marguerita é mais uma vez que como pizza marguerita.

O que é que eu vou fazer?

Acordei com o ouvido tapado. Quando é assim, fico mais para dentro, prestando atenção às coisas estranhas que esqueço no bolso. Até o perfume que eu uso fica mais forte. Raspo a unha, indicador direito versus polegar esquerdo, roçando o lábio de baixo: coisa que venho fazendo há anos e que funciona mais que meu RG.

Não sei.

Saturday, December 11, 2010

Eu fiquei pequeno.

Ocuparam meu espaço o macarrão de domingo, o carrinho de supermercado, o fim de expediente, a discussão sobre a conta do celular, o colégio das crianças, o Natal na casa da irmã da namorada, o jogo da televisão, minha ex-intenção, meu ex-projeto de ser diferente do que esperaram de mim.

Fiquei pequenininho mesmo. Não sobrou mais tempo, não sobrou cerveja, faltou livro para compensar o medo, experimentei receita de musse de limão. Totalmente amarga.

Petitico. Opinei menos no trabalho, não mudei de marca de açúcar, substituí o pacote da banda larga, esqueci algumas palavras e escolhi perder a vez. Irrelevante assim.
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