Sunday, January 29, 2006


Saturday, January 28, 2006

Quando a neve começou a cair... E, pasmem, não fazia frio - tanto frio -, tive a clara sensação de que trazia alguma coisa de volta. Esses flocos de água, que não demoram em desmanchar, voavam mesmo, soprados pelo vento. E tinham alguma coisa que devolver? Um, dois, três anos... A vida inteira. Isso de acompanhar o movimento alheio, seja o das ondas no mar, ou o dos tufos de gelo, leva um sujeito para muito longe. Isso de ficar parado, isso de ter sempre a sensação de que se estaria melhor em algum outro lugar, isso tudo... Bem, isso tudo é indício de vida. A inveja do movimento dos outros é a denúncia da nossa preguiça, da falta de coragem em assumir os riscos que habitam os melhores sonhos. Ah, é tudo tão rápido... E tão pouco. Queria ter visto mais neve, queria ter tido tempo de aprender a voar com essa água que bate asas. Tive vontade de pular junto, quem sabe eu planava? É tudo tão leve, tão suave, que imaginei ser outra a densidade do ar... Talvez eu boiasse... No céu. Porque a fantasia, é, a fantasia, tem mais força que delírio destilado. É só provar, assim, na ponta da língua.

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Acho que já devem conhecer esse site. Mas fiquei tão maravilhado que vale a pena a redundância. Você escolhe um artista, e a "caixa de pandora da música" se encarrega de montar toda uma programação de rádio relacionada. http://www.pandora.com/

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Mais Bryce Echenique:
"Siempre he tenido la culpa de que la gente no me trate como a una persona mayor. Cometo demasiadas locuras, parece, y la gente cree que eso es falta de madurez. Simplemente me aburre la madurez, y creo que esto es una suerte. A mí, en todo caso, me ha permitido conocer a muchas personas que viven cometiendo locuras. Siempre son las que realmente me atraen. Creo que nos detectamos. (...) Y pensándolo bien, debo reconocer que siempre he sentido una fuerte inclinación por seres de esos que todo el mundo desería psicoanalizar, inmadurísimos de acuerdo con la legistación vigente. No faltaron incluso graves y hermosas tentativas entre seres que habían cometido muchas locuras e intentaban aquella última de nunca volver a cometer una locura. Se acaba mal. Se acaba pésimo. Se acaba uno alejando de los seres que más ha querido en su vida."

Monday, January 23, 2006

ASIAN PORTRAITS
PIERRE GONNORD

Pequena exposição, com 25 retratos fotográficos, montada na Casa Asia, na Av. Diagonal. A mostra reúne imagens de asiáticos, normalmente imigrantes, identificados com "a marginalidade e a exclusão". As fotos foram feitas nos Estados Unidos (Nova York), na França (Paris) e no Japão. Isso de batizar um grupo de "asiáticos" me soa estranho; é coisa de um ocidental. Aliás, um francês, ou um norte-americano, ao ouvir o termo "ocidental", ao pensar no que significa, desconsidera qualquer um de nós. Quando estava saindo, o porteiro puxou conversa: "foi rápido, hein?" "Lá de onde venho, esses rostos são comuns".


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Nó francês (postagem removida)


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Mates of State outra vez: "Fraud in the 80's"

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"No he nacido para navegante. Qué va. Pero he tenido que navegar. A quién no le ocurre alguna vez tener que navegar sin ser navegante. Y yo cuando navegué descubrí que el asunto se parecía enormemente a mi vida: navegué con enorme dificultad".

Alfredo Bryche Echenique é autor de Un mundo para Julius, de onde, evidentemente, veio o nome disso daqui. Esse trecho está em La vida exagerada de Martín Romaña. Fabuloso.

Tuesday, January 17, 2006

Bono Vox, "good will ambassador"

"Uma criança negociava em Santo Amaro, nesta manhã, um "pacote" de dez lugares na fila por R$ 170 ou dois por R$ 40 --o menino disse ao "cliente" que dormiu no local porque precisava de dinheiro para arrumar sua bicicleta. "Tenho sete cadeiras lá, mas se apertar cabem dez", falou o menino. Mais tarde, a Folha Online flagrou o garoto junto com outros três homens, que continuavam na fila ao lado dos "clientes"."

Confesso que, quando minha mãe falou do preço dos ingressos do U2, tive vergonha de ter sido tão fã da banda. Ha. E, para melhorar, fui descobrir que existe uma cota suntuosa para convidados dos patrocinadores. É dizer: os comuns pagam a festa dos privilegiados. Eba, nossa burguesia não se esfrega na gente fedida. Estou já vendo a cara dos bacanas que habitarão a área reservada. Será que as pessoas não se sentem mal com isso? Ou será mesmo uma massa estúpida? "Oba-oba, nessas horas, me sinto importante." Dá para acreditar? A vida está fudida mesmo.

Saturday, January 14, 2006

Diálogos inéditos, a caminho.

Quer dizer, então, que você ficou rico?
Não, rico não. Mas vivo bem.
Legal. Parabéns.

Você imaginou que sua vida ficaria tão parecida com a dos outros?
Não sei.
Não sabe?
Sei, mas prefiro não tocar no assunto.

E aí? Tem feito coisas boas?
Boas?
É, boas, interessantes, gratificantes...
Vale falar do trabalho?

O que você faria por um amigo?
Amigo? De verdade, irmão mesmo?
É.
Provavelmente, alguma coisa que ele nunca faria por mim.

E sua mulher, como vai?
Você sabe, né; chega um momento em que a gente fica junto porque tem que ficar.

Votei no Lula.
De novo?

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CIRC CONTEMPORANI CATALÀ: L'ART DEL RISC

A trajetória do circo catalão após a morte de Franco. E o circo, é arte? Que papel haveria de ter?

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CINEMA

Tenho visto alguns filmes interessantes, especialmente curtas que não tive a oportunidade de conhecer antes. Esses dois são imperdíveis, tinham que estar disponíveis na internet ;)

Bara prata lite (Lukas Moodysson, 1997). Lembram do silêncio sponvilliano, descrito aqui, porca e brevemente, numa das primeiras postagens? Temo-lo aí, ha! De sobra. Um senhor aposentado, atormentado pelas coisas do mundo, sempre surdas às suas corriqueiras e pequenas vontades.

Valgaften (Anders Thomas Jensen, 1998). Noite de eleições, fascismo à moda do dia e cine danés (aliás, descobri que o primeiro beijo "realista" foi obra do cinema dinamarqués, dono de toda uma história que jamais poderia cogitar).

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O CIRCO CHAMADO BRASIL

Bom, esse a gente conhece bem. Não preciso falar dele. Só lembrar do mago Coelho e do palhaço Zé Dirceu.

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MATES OF STATE: DIÁLOGOS POP

Hey guys! When are you coming for a concert in Barcelona? Ohhhh, we're waiting. Congratulations for the All day EP; "Goods" is the happiest and most melancholic song I've heard in a looooong time. Take care!
Oh Spain! I've been trying to reach your shores for a lifetime now. I hope we can make it over in 2006. Stay well until that day...JasonhammelMoSSent wirelessly via BlackBerry from T-Mobile.

Ouçam "Goods"!

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Oh, you've got green eyes,
Oh, you've got blue eyes,
Oh, you've got greeeeeeey eyes.

Tuesday, January 10, 2006

Fotògrafes e vegetarianismo

Foto de Montserrat Sagarra, um dos destaques da
mostra sobre fotógrafas pioneiras da Catalunha,
organizada no Palau Robert.


Nesses tempos, em que tudo, ou quase tudo, tem sido surpresa, às vezes me encontro repensando algumas convicções - seja para desmontá-las, seja para eternizá-las. E aí está uma, agora eternizada. Carne é bom, eu saber. Mas, putz, que violência. Dê uma olhada nesse link aqui: http://www.petatv.com/tvpopup/video.asp?video=china_30&Player=wm&speed=_med


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O cagaço

Entendi por que a gente tem tanto medo de largar tudo. É que, com mais ou menos intensidade, nos damos conta de que tudo que tanto nos prendia se desfaz como uma paçoca fora de validade. Esse é o medo de partir: dar-se conta de que "uéeee, eu disse alguma coisa?".

Aliás, o cagaço é sempre um aborto. Ou o vexame da Copa de 98. Ou o suicídio à beira da derrota. Ou a falsa confissão ("Abjuro, maldigo e detesto os citados erros e heresias...").


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Myspace.com

Resolvi ser generoso (uah!): http://www.myspace.com/36051018!

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"Cría cuervos y te sacarán los ojos!"

Ditado español que inspirou o diretor Carlos Saura. Esse filme é bom demais: no primeiro plano, a família como ninho de desilusões; no segundo, uma Espanha fascista, território da fome, decadência e ignorância. Viva Saura!!!

"Un día que estaba mi madre haciendo limpieza general, sacó del armario una caja metálica, me la dio y dijo: Ana, tira esto a la basura, no conviene que esté aquí, además ya no sirve para nada. Yo, intrigada, le pregunté "¿qué hay dentro?" "¿Qué más da?" mecontestó " ¿Es veneno?" pregunté yo. Mi madre sonrió y dijo: "Sí, es un veneno terrible. Con una cucharadita de estos polvos puedes matar a un elefante." Y luego dijo "Ana, tíralo a la basura." Yo me quedé muy impresionada y no sé muy bien por qué, me quedé con la caja del veneno, sin hacer caso a mi madre. ¿Por qué quería matar a mi padre? Esa es una pregunta que me he hecho muchas veces. Y las respuestas que se me ocurren ahora, ahora, con la perspectiva de los veinte años que han pasado desde entonces, son demasiado fáciles y no me satisfacen. Lo único que sí recuerdo perfectamente es que entonces me parecía el culpable de toda la tristeza que había embargado a mi madre los últimos años de su vida. Yo estaba convencida que él y sólo él había provocado su enfermedad y su muerte."

Saturday, January 07, 2006



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Ivan Ilitch era um burocrata. O tédio é o vício da vida organizada. Baguncemo-nos.

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Luísa me disse, com um copo de quentão nas mãos:

"Quer saber qual é o problema? É que você nunca se contenta em evitar a dor. Seu negócio é ter prazer, às custas de qual seja o sofrimento."

Friday, January 06, 2006

Sabe o que é o mais doido da vida? É que ela poderia ter sido completamente diferente. E como. Cheguei, agora, do meu primeiro porre. Aqui. Estou bêbado ainda. Sim, até errei, algumas vezes, o login dessa merda. Mas... Nem sei por que estou escrevendo. Acho que para testar minha censura, ver o que vou encontrar amanhã. Aí, talvez, apague tudo. Ou deixe mesmo. Porque, circunstâncias que somos, poderíamos ter sido outros, fossem outros os encontros. Sim. Cheguei com uma dor nas costas, desesperado para mijar. Noooossssa. Isso nunca tinha acontecido: essa dor que passa à medida que o jato sai. Fechei o olho. Nem sei se respingou. Ou mesmo se pus tudo para fora. Mas valeu. O prazer de ter realizado um desejo. Vê? Até os mais pobres desejos. Mas, sim, a vida poderia ter sido, estar sendo, diferente. E por isso inventaram o futuro do pretério, para dar conta das fantasias que existem num "se", numa condicional que deixou de nos condicionar. É isso. Nos vemos um dia desses. E espero que estejamos com esse mesmo sorriso ;)

Wednesday, January 04, 2006

"Sometimes reality is the strangest phantasy of all".

Pois, andando pela cidade, veio o trecho que abre a locução do trailer de Blow-up. Para quem viu o filme, fica fácil entender o que querem dizer com isso daí. Mas o zé-ninguém também não terá dificuldade em decifrá-lo: fantasiamos a realidade. Para torná-la possível. Suportável, talvez. Isso é o que, de uma maneira um pouco mais prolixa, diz nosso amigo - mais de uns que de outros - Freud. Enfim, pensando na frase, logo tive vontade de fazer alguma coisa que traduzisse o espírito do "postulado". A primeira idéia não demorou a chegar: mirei a câmera para as vitrines das ruas e comecei a fotografar as paisagens refletidas. Liiiindo, liiindo. O efeito é louquíssimo - como medir o que vemos? O grau de realidade do que vemos? A paisagem que cola na retina, ou a que reflete no vidro?


Isso daí é uma garrafa de vodka suíça. E a Rambla de Catalunya. Não tem efeito nenhum. A foto é virgem; vou fazer um pôster dela hahaha!


A Sagrada Família, na vitrine de uma loja de quadros, e a Gran Via.


O homem-gota, na frente de um predinho da Calle (ou carrer) Mallorca.

Sunday, January 01, 2006

COMICS, para começar o ano ;)

De um tempo para cá, tenho me interessado muito por Comics e quadrinhos em geral. Quando era pirralho, lia alguma coisa, mas as coleções de chaveiro, postais, adesivos, latinhas, moedas, cédulas e miniaturas acabaram desviando meu interesse para outras coisas. Mas, como estava dizendo, agora estou tirando o atraso, e, nesse percurso, têm aparecido muito boas coisas. Esse daí é a série Copper, de Kazu Kibuishi. É sensacional. Esse que postei é um dos que mais gosto, mas é possível ler outros no http://www.boltcity.com/copper/.

Além de o desenho ser excelente, os enredos, meio crônicas, meio fabulazinhas com "moral da história", são pura filosofia. Dê uma olhada no "Good life" e no "Purchase" lá na página ;)
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