Y luego me preguntaron qué quería decir con "cerca de la estación". El lugar que indicaba con las manos no tenía el más mínimo indicio de una vía de trenes. Le volví a decir: sigues adelante; con dos o tres cuadras llegarás a la estación. Allí, verás la casa verde oscura que te comenté. Si entras, y ves en la sala principal una lámpara lila, sabrás que estás en la casa correcta. Ocurre que algunas veces esta lámpara está apagada. No te sabría explicar las razones. No. Pero en el caso de que no puedas identicar la casa por la luz, intenta acercarte a la cocina. Allí hay una mesa redonda y unas sillas cuadradas. Pero si la deciden abrir, si se forma una elipse, bueno, tal vez no te sientas seguro para quedarte.
Yo tengo un hermano. Tengo también una hermana. De niño, hicimos cosas sin tamaño. Jugamos al baloncesto con las cabezas de unas muñequitas que tenía Julieta. En la escalera, mi hermana usaba sus manos, erguidas, para simular un poder especial y gigante, algo que sólo existe en las manos de una hermana. Yo me tiraba al suelo en una demostración de resistencia. Nada, nada. Absolutamente nada - tampoco nadie - llegaría a entender la fuerza que tiene mi hermana. Con mi hermano, hablábamos de la casa marciana en donde habíamos estado la noche pasada.
A mi lado, estas tardes en las que escribo, está un perro. Lo llamé Ernesto. No sé cómo me llamará él. Somos él y yo, difícil aprender mi nombre. Cuando acaba la luz, o llueve muy fuerte, Ernesto sube a la cama para dormir, cola rígida. Me imagino que sea una especie de miedo. Miedo a lo desconocido, que se repite cada día, siempre renovado.
Bebo agua en un vaso de cristal. No entiendo, pero mis lágrimas son saladas y no me hacen bien.
Sunday, May 24, 2009
Tuesday, May 19, 2009
Olhou o mar. Olhou, tentou imaginar um fim. Adoro sentir o que eu suponho. E dói no meu peito. Não torno a falar com você, meu bem. Usava "lindo" quando queria me beijar. E "meu bem", quando eu olhava atravessado, através, imaginando o fim. Vou abandonar tudo e fazer arte. Porque não sei me tapear. Essa vida que eu levo. É coisa boba repetir para mim mesmo, 10, 100 vezes, que a vida poderia ser lá fora, se já está sendo com alguém. E não sou eu, ela repetiu, alto. Não sou. Você está apaixonado - e não é por mim.
Tuesday, May 12, 2009
Ontem, a Marcela me ligou, vamos comer uma pizza? Uma pizza pra dois, mais que bom. Pedi um chopp, ela ficou me olhando, estava um pouco longe, com cara de saudade. "Cara de saudade'", meu vô falava, as tardes de domingo lá em casa, torcendo para o São Paulo, enquanto, de saco cheio, esperava, doido para jogar bola no quintal. Sei o gosto de torcer na sala, entre adultos. Para rir, quando riem. Ou "filho da puta", quando "cuzão". Falei, a Marcela deu risada. Andava com saudade de torcer lá em casa. As coisas andam meio esquisitas, Vítor, meio esquisitas. Eu sei. Ando sentindo também. Sabe, tem fim de semana que passo. Passa? É, fico esticada na cama, sem muito sono, mas pouca vontade de levantar. Caramba, pensei. Ontem mesmo, essa coisa de Dia das Mães, fui ver meus mais, fazia duas semanas. Comemos num restaurante perto de casa. Pedimos vinho. E fiquei reparando no detalhe de cada olho, em como meu pai está aceitando envelhecer. E morrer, de fato. Coisa engraçada. Não sei sentar perto sem reparar na cara de saudade. Então, foi alguma palavra, e algum gesto, mais as palavras do que o gesto, porque a palavra certa na hora certa, tão difícil de acontecer, é devastadora. Olhei no olho, de novo, e entendi que é assim que a vida acontece. A gente aceita uma falta aqui, uma ausência ali, muita coisa somando, deixando de existir. Mas, Vítor, e você, querido? Tanto tempo. Tempo estimado: 30 minutos. Estou levando uma vida delivery. As coisas têm que vir. Ou não vou atrás. Coloco um disquinho, que comprei pela internet, e danço coisa de dois ou três minutos. Depois, deito no chão, relaxo a coluna e penso em alguns amigos. Poxa, a gente não se vê mais. E numa garota que mora na Argentina. Quando papai chamou a conta, pediu a máquina do cartão. Prestei atenção e observei que já não confere mais a nota. Sabe, Vítor, a gente percebe as coisas ficando complicadas quando elas ficam complicadas. Senão, não. Não sei, Marcela, parece que a ordem é toda para ver você dançando, com medo de queimar o pé no chão. Se você para, e descansa, que medo. Isso daqui, esse pedaço de Marguerita, você falando, tão bonita, tão devagar, preciso tomar cuidado. Ou a gente faz tudo igual, na esperança de que dê tudo certo, ou a gente assusta. Você tem razão, querido. Lembra quando pintei a unha do seu polegar de preto, lá em casa? Claro, a sua tia errou meu nome todas as vezes. Víctor, Víctor, o "c" marcado na fala. Ai, meu Deus. Vou desligar o celular.
Friday, May 08, 2009
Não sei explicar que vento bate mais frio numa noite de maio. Fez sol o dia todo. E a temperatura caiu muito, penso na Paulinha. E olho a Brigadeiro. Essa paisagem, tão natureza, um ônibus descendo a avenida num horário vazio, e me sinto mais gente. Na cidade. E adoro o momento. Junta um pouco de água no canto do olho; quando entendo que o tempo passa, confundo medo com beleza - as coisas ficando diferentes. Só para provar pra todo mundo que vão deixar de ficar. Que existem para sempre, quando não existem mais, algum dia. Assim, me entrego à sorte da estação do ano que deixa tudo irreconhecível, parecido que seja com o mesmo dia do mesmo mês do ano passado.
Monday, May 04, 2009
Esse título de matéria que tanto me faz lembrar o título de um anúncio de maquiagem, ou de uma música que ouvi anos atrás, num site que não existe mais. Ninguém vai entender tão cedo o efeito que tudo isso tem. Falei para a Liliam outro dia. Essa coisa do tempo, do antes e do depois; difícil falar disso com meus sobrinhos, te adicionei no twitter, tio. Ok. Mas o título, "a hard life to live", "to live", segue a estrofe e sinto um frio grande, saudade de coisas como andar na rua do trabalho anterior, que nem sei qual o jeito, se tem, de não fazer as coisas quererem voltar. Entrei na padaria no penúltimo dia antes de viajar para Roma, onde fiquei três anos. Comprei uma Ruffles e não pensei no que viria depois. Depois.