Thursday, July 31, 2008



E tem como ser diferente?
myspace.com/juanstewart

Monday, July 28, 2008

Jorge Henrique foi encontrado morto, no sobrado em que morava, no Glicério.

"Tenho uma pinta comprida na pálpebra direita, contornando os cílios. Hoje, diante do espelho, disposto a admiti-la, resignado já com todo o mal que ela me fez, disse "sim". Um simples "sim", no final bem menos doloroso do que eu imaginava. É, isso mesmo. Na escola, no clube, até no trabalho: "caolho". Soubessem. Não nasci, não. É que no pré, acho que era, todos os amiguinhos apontavam, que horror. Não entendia. Mas comecei a forçar a musculatura: a pele esticada mostrava menos. E o olho esquerdo sempre mais aberto. Monitorava cada vez que falava com alguém. Depois de anos tensionado, não precisei controlar mais. Borrei a mancha meio rímel e fiquei com esse olhar de drag queen."

Sunday, July 27, 2008

Quilia muita coisa.

Tuesday, July 22, 2008

Quando eu tinha 3 anos, eu quilia.

Wednesday, July 16, 2008

Observe os mínimos gestos. A maneira de dobrar os dedos, de segurar os ombros, a fala mansa. Procure recuperar as opiniões mais banais, a lanchonete preferida, a marca de esmalte extraordinária A maneira como diz seu nome. E como conta a história do próprio casamento, depois de 10 anos ou mais. O tipo de decoração da casa, todos os objetos aparentemente simpáticos deixados à entrada. O jardim que contorna os muros lá fora. Repare, com discrição, a título de piada bem-humorada, nos vincos da gengiva, a cor dos dentes. Da frente e detrás. A região dos olhos, ao redor, as rugas que formam um semi-sol, nascendo na vértice das pálpebras, caídas. Com licença, achegue-se ao banheiro: o sabonete e o respirador. Quando os filhos entrarem na sala, cumprimente, monitorado um profundo resguardo. No excesso de conforto, molecada flagra segundas intenções. Cautela. Em seguida, palpite sobre a conta de luz do mês, o aumento do plano de saúde e o banho-e-tosa no Dogão. Cada coisa no tempo que lhe corresponder, começo e fim suficientes, não mais. Nada de atropelos, ou invasão. Ao notar um olhar distante, de presunção, pouco-caso com matiz de recorrência, espirre medonhamente, lavando o chão. Se não houver "ai", ou simplesmente um "porra", saiba, sem qualquer culpa, ou sombra de dúvida, que, sim, você está mais uma vez diante de uma perfeita calhorda.

Monday, July 14, 2008

Coisa engraçada. Algumas decisões, absolutamente casuais, amarram a garganta. Se é a flor que minha vó plantava na frente de casa, revista em Cerdanyola; o skate que passeava até o fim da rua enquanto o livro de Ciências guardava a matéria da prova na mesa da cozinha, o cesto de roupa suja de antes da reforma, uma musiquinha feito "Mi barco", ou o rádio de rolo de um tio morto. Ontem, gozado, foi só um cobertor. Caramba. Meio frio, filme em dvd, gostosinho. Levantei, querendo provocar aquela sensação de pisar depressa no chão gelado. Aí, quando cheguei, armário fechado, escolheria aquela manta, exatamente aquela manta furada de quando eu tinha 11 ou 12 anos, não mais. Na hora, não percebi, queria mesmo era a manhã perdida em casa, febrezinha controlada, tv em pleno dia de aula. Às vezes feita de "Mundo da Lua", outras de chá quente e batata cozida. Vai saber. Depois, na parte triste do filme - o de ontem, digo, anos mais tarde -, veio essa lágrima salgada, o cobertor como herança antiga, cobrindo sonhos e pesadelos de uma família que, igualzinho a qualquer outra, envelhece; sem tchau ou hora marcada, desmancha.

Thursday, July 03, 2008

Tá. Eu sei. Talvez brincadeira de mão não fosse o caminho. Mas é que tem horas, camarada, horas que. Você entende. Dá para imaginar o resto da vida ouvindo que ela come a mesma comida que eu? Rapaz, escuta isso: na fila do supermercado, e a loira dondoca repetindo, orgulhosa: a Raquel come da mesma comida que eu, Helena. Acredita? Tava falando da babá do filho. Trato a pão-de-ló. E sabe o que ela queria dizer com "pão-de-ló"? Pus cama pra ela e uma TV no quarto. Era pra dormir no chão? Que loucura, e tem jeito? Não, camarada, se tem que ser com a mão, ou com o pé, que seja, hermano. Tive que fazer. Não leve a mal. Um movimento de futuro é assim: acontece. Segui a piranha até o estacionamento. O Luis correu na seção de papelaria. Puxei a camiseta até o pescoço, cobrindo o rosto. E gritei: "Quieta aí, piranha. Não mexe em nada". Ai, meu Deus. "Gritou, furei, entendeu, belezura?". Entrei no carro, ela para dentro. Tava histérica, Fernando. Histérica. Tremendo mais que garota nos vídeos-squirt do Youporn. Tirei a tesoura, cala a boca, vagabunda. Não, não, pelamordedeus, isso, não, por favor; socorro, bico calado, lindinha, não, Jesus, que é isso, meu Deus? Por favor, vai, vai acostumando, ai, Deus, isso, assim, bem devagarinho, faz o que você quiser, rapaz, o que quiser, sei disso, agora, é só o que eu quiser, paquita, meu corpo, arranca meu dedo, minha língua, chupo se quiser, chupa, é, taradinha?, mas, não, Deus meu, meu cabelo, não, pelo que há de mais sagrado no mundo.
E aí, Nando? Tá dentro?

Labels:

free web stats