A essa altura, deve estar se perguntando por que separei um trecho do conto para mandar no título do e-mail. No corpo, tudo de novo, mais completo, e um beso. Dois dias para responder, interesse precisa de charme, não sei nem quero ser de maneira diferente. Consigo imaginar seus lábios lendo, palavra a palavra, com mordida atenta, depois risada - qualquer mulher interessante, para ser interessante, prefere uma hora, um dia ou um ano inteiro, desde que possa se esconder por trás da sedução de um prazo determinado. Para sempre é duro demais até ser só romântico. É tempo demais para ser as coisas que só acontecem em pouco tempo. E pelo pouco tempo é que são mais, e a gente não esquece, não.
Uma vez, mandou um poema. Pelo msn, disse que tinha medo de eu não terminar feliz. Não dei atenção - minha maior preocupação era um começo feliz. No dia em que recebi uma mensagem, maio, senti saudade de dezembro. Devolvi vídeos e um suspiro que sujou meu teclado com farelo de chocookies. Sou itinerante, arrisquei dizer, para provar que, se ainda não tinha viajado para visitar - e beijar -, era porque estava cheio de vontade de conhecer outro país. Y si vienes conmigo?
Não volto nunca mais.
Saturday, October 23, 2010
Tuesday, October 19, 2010
A gente sentou; não nos confundimos com os lugares, nada disso. Viemos correndo um pouco, cuidado, estou de salto. O mestrado não era o que eu imaginei. Era para ser uma pizza. Mas tem chuva no meio, atraso de ônibus. Orientadora confusa. Ah, você não sabe de nada. Nem precisa saber. Na verdade, não preciso saber mesmo. Ter sabido estragou muita coisa. Muita gente. Pede o que você quiser; gosto de tudo. Acho que é o momento. O tempo. O jeito das coisas, como andam, quando andam, faz a gente preferir gostar de tudo, sentindo pouco gosto, quase gosto de nada. Tenho uma teoria. Eu também. Pedimos cerveja? Olha, vou dizer uma coisa: descobri que gosto de viver. Aceita débito? Com 35 anos, não quero emprego normal. Trabalhar na noite não deve ser fácil. Caramba, a gente estava sentado num bar, exatamente como as pessoas normais. E é o seguinte: o músico desiste - por isso, quero namorado, amigo, só artista. Eu disse: é essa mesma. De cogumelo. A gente não resiste. Se é para desistir, desisto logo de tudo - e morro antes de um expediente comum. Quem te disse isso, mãe? Meu sobrenome tem nome de árvore. Não sei o segundo nome dela, delon. Será que a gente é amigo? Vai ser. Vou, vou sim. As palavras denunciam a gente. Trinta anos esta noite. Não uso "eu"; é "Você". Xiu. Não escreve isso, não. E não escrevo, porque você tem um plano, tem uma vontade, um dia, uma hora, um medo, um tempo, um blog, um twitter, um silêncio, uma saudade, duas, três saudades, uma escova da Barbie, um fósforo e um isqueiro. Tenho? Mas ainda pode ter. Bem que foi acontecer com 20 e poucos anos. Ir-lan-da.
Vou seguir no Twitter. Dividimos a conta. Você manja. Visa e Master. Estou aprendendo demais, desculpe se não sei declarar. Normal. Desculpe também se a gente não se encontrar antes do seu feliz aniversário. Tchau.
Monday, October 18, 2010
Minha vó disse para prestar atenção ao que faziam meus primos, meus tios. Achei engraçado, nem pensou em falar dos meus irmãos. Mas insistiu que segunda era dia sério, que o sofá andava rasgado - coisa feia -, "da próxima vez, espero não ter que reclamar". Vó, você detestou quando fecharam os bingos, quando enterraram o vô - divorciada, não sei quantos anos -, quando não saiu o aparelho de coluna na Porta da Esperança, quando não me entusiasmei com o vinil do Black Sabbath, quando não penteei o cabelo, quando preferi ficar longe na hora do parabéns, quando discordei, quando tinha e quando não tinha razão. Tempo desde a última pizza. Falsificaram testamento, ignoraram toda a atenção - a vida virou o que falavam da vida. E não vejo você há meses. Anos, pode ser. E a falta que eu sinto é de um disco que emprestei em 93.