Monday, February 28, 2011

"El amor se extingue sin que te des cuenta, le decía Pilar. Le explicó que había sido capaz de soportar la lenta demolición, de acostumbrarse a sobrevivir entre los escombros de lo que antes fue amor, pero ese se transforma en una losa insoportable el día en que vuelves a descubrir la pasión por otra persona. La vida se te hace invivible y la mentira empieza a herirte." (Saber perder, p. 40)
Não, não. Só drogas leves. Drogas leves e a vida, que anda bem pesada.

Tuesday, February 22, 2011

Estou comendo um sanduíche de peito de peru. Hoje, resolvi comer sanduíche de peito de peru e digitar com uma mão. Estou ouvindo música também. E redescobrindo a vontade de ouvir música comendo alguma coisa boa. Parece que as pessoas gostam de ouvir música pela mesma razão pela qual gostam de comer ou fazer sexo. Li exatamente assim, ontem, numa nota que falava da Universidade de Montreal. Senão, diria: "pela mesma razão pela qual gostam de trepar."

Eu gosto de comer sanduíche. Gosto de ouvir "Carmencita" e, curioso, gosto de bater punheta.

Friday, February 18, 2011

Caramba. Eu, separando o troco do táxi, deixando as moedas do troco do táxi num copo de vidro que tenho na escrivaninha, e essa água que corre do olho, aprendemos a chamar de lágrima, inexplicável. Vendo tudo embaçado, tentando acertar as teclas, as coisas passam passam para dar certeza de algumas coisas, reforçar a dúvida em outras. Lembro tanta gente. Lembro tanta noite deitada pensando em gente. Nem todo mundo entende que o último dia de um ritual de alguém tem a gente, anos atrás, tomando um táxi, um avião, tem a gente anos depois, ouvindo Juan Stewart, dizendo ou pensando "a vida é, a vida é, e ela só é". "Ela é muito é". "E foi". "Ela é". "E está sendo, tchau." E alguém, de coração-entrega, diz que está doendo o estômago, e você entende, e você tem saudade, às vezes dói o estômago também. Com pinga, normalmente dói mais, querendo doer menos. Quando você tiver sessenta anos, muito mais forte e claro que 60 anos, você vai vestir uma camiseta do Rolling Stones e ter saudade de alguma coisa que veio antes e aconteceu antes de você ter saudade das coisas que vieram antes. Vou mandar mensagem, vou dizer que lembro do começo, que lembro de Buenos Aires, que lembro de um amigo argentino, que lembro da gente. Depois, vou encher um copo novo de pinga e dizer que está tudo bem, que é assim e que tenho certeza das escolhas tomadas sem certeza. Vou dizer que tenho saudade de Buenos Aires. Tenho saudade de Barcelona e de Berlim. Tenho saudade das cidades que começam com "b". E dos amigos que partem do "f", do "c" e do "g", para terminar no "o", dizendo "obrigado". E, chorando, acho, vou dizer "obrigado", mesmo sem ninguém, ou Deus, ouvir. "Obrigado".

Saturday, February 12, 2011

Quando acordar no meio da noite - ou chegar tarde, cansado e bêbado -, lembre-se, com um pouco de dó, de que as coisas previsíveis acontecem quase sempre.

Friday, February 11, 2011

Chegaram a pensar que não escreveria mais. Eu sei.

Escutei uma música poperô e tive vontade de um último post. Nada muito sério. Só queria dizer que hoje de manhã, quando fui lavar o rosto no banheiro, tinha um rato preso no box. É que eu tiro o ralo do ralo para mijar durante o banho. E esqueço de colocá-lo de volta.

Monday, February 07, 2011

Juliana, presta atenção. Não quero discutir, parece que não adianta. Por favor, Juliana. Escuta o que estou dizendo. Querendo dizer. Presta atenção. A gente chega em casa, tem preguiça. A roupa fica acumulada na lavanderia. Ninguém limpa a casa. Olha a merda que está a sala. Quantidade de pó. Nem os discos tiro do lugar. Porque não estou ouvindo música, Juliana. Já não ouço música. E preciso do caminho, no carro, ou de uma escapada no trabalho, porque perdi meu jeito de escutar música, de dançar sozinho, único jeito que danço, para ouvir i-tunes e mp3. Juliana, não é você, só você. Juliana, a gente ficou sem vontade, sem tesão. Tesão na vida, Juliana. Não estou falando de tesão em você, que seria o menor dos problemas. Eu bancava. Você não limpa o mijo do cachorro; entro em casa patinando em jornal. Deito no sofá, não gosto de ver TV, vejo TV. Ou arranjo uma agenda adolescente durante a semana, porque estou carente de vida, de fita rebobinada, de um monte de gente e lugares que me viram ser feliz com música cafona ou sopa de cenoura. Juliana, a gente não precisa mais se confundir. Não estamos questionando a relação. Estamos com medo da vida, escorrendo; do mundo, envelhecendo, e dos nossos corações, que ainda esperam muito mais.

Wednesday, February 02, 2011

Me convidaram para uma degustação de vinho e queijo em algum restaurante dos Jardins. Mas eu bebo cerveja. Nacional.

Perguntaram se, na terça, passaria na vernissage de uma artista nova, na Vila Madalena. E chorei muito, muito mesmo, em Esqueceram de mim.

Arranjaram convite para a área fechada no show de hoje. Preferi quando meu vô pediu para escolher um presente, o kit zorro em liquidação no supermercado.

Disseram, na minha frente: "ninguém é bobo aqui. Lógico que a gente quer dinheiro". Acendi um cigarro - e não fumo.

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