Wednesday, July 22, 2009

Luciana, meu amor, liguei só pra você não esquecer que te amo. Beijoca.

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Fernando, querido. Preferia acreditar que não preciso do telefone para lembrar que te amo. Ou que você - se - me ama.

Friday, July 17, 2009

Ficou sentada do meu lado. E cruzou as pernas, para me mostrar as pernas. Mas eu estava com uma garrafa d'água nas mãos. E com sono. Dançando com os pés, de um lado para o outro, entendendo que, definitivamente, aprendi a me divertir. Com a cantada de uma garota, garota, puxando o meu casaco, só para eu pedir licença. Com um porre d'água. Com a esperança dos outros numa pista de dança. Ops, você está segurando meu moletom. Caramba, é mesmo, desculpe. Pensei que poderia beijar. Que poderia lamber. Chupar. Mas preferi girar e desgirar a água, gostinho no lábio, saudade dessas coisas que têm hora para acontecer. E já aconteceram. Ela esperou mais alguns minutos. Perguntei, você gostaria de ter um beijo meu? Ela, assim, direto? Ué, mas não é o que você quer. Mandei um beijinho, no ar, muito mais lírico, sabido. Bem mais para sempre. Rodrigo, meu nome - você não vai esquecer.

Monday, July 13, 2009

Sopro seu olho. Promessa de amizade eterna. Vejo de perto o rabisco que o mundo deixou, no direito e no esquerdo. Não tão iguais. Porque você é canhota/o. Existe até uma andorinha morta aí dentro. E uma piscina pública em Santo André, lembra? Você deixou o protetor solar estourar no pé de uma mulher de maiô azul. Quando tomou um trem na estação de Perpignan, disfarçou o frio, evitou mostrar que não era dali. E, agora, está aqui, tão perto, sem nem prestar atenção em mim.

Sunday, July 12, 2009

A rua inteira de prédios baixos e brancos. Todos iguais. No Brasil, lembrei, seria um conjunto habitacional. Em Londres, a rua do hotel onde me hospedaria por dois meses. Cheguei mansinho, a cidade úmida, com medo de gripe e febre, três aspirinas logo na recepção. Internet paga. Um copo d'água e as chaves. Meu quarto, dos mais baratos, no meio da escada. Pequeno, confortável. Suficiente para ficar tranquilo, enquanto ficasse lá dentro. Olhei pela janela, decidi: "vou escrever um blog". Quintal e telhado encardidos alguns metros para baixo.
No fundo, meu "adeus" será tão frágil quanto os meus "tchaus" anteriores.
- Você vai ficar por muito tempo?
- Luciana, faço as coisas para ficar pra sempre.
- Inclusive a empada de ontem?
- Principalmente a empada de ontem.
- Então, vou ter saudade da fibra do palmito entre os dentes?
- E do tomate. E do orégano.
- Sabe, acho que a vida fica tão complicada que a gente desiste de querer entender. E fica mais fácil.
- Do azeite, não. Não tem gosto de mim.
- Você me leva para o Parque Nacional de Bariloche?
- Você me beija?
- O que o destino quiser.
- Compro a passagem e um casaco amanhã.
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