Juan está sentado no computador, respondendo a mensagem que uma amiga de Mendoza mandou via Facebook, ouvindo a mesma música que escolheu ouvir, do lado de fora do barco, enquanto o azul avassalador dos lagos refletia o sol e tocava as pedras, curtas, que logo estavam cobertas de terra e de arbustos, em tons de verde.
Por curiosidade, Juan já quis entender como o som, a música, chega e retorna do corpo da gente. Nesse movimento, que tanto atravessa e reverbera por dentro, estimulando os tecidos, acelerando ou tranquilizando o fluxo do sangue, o ritmo dos órgãos, a respiração, o coração. O que será que acontece na alfândega dos limites do nosso território? Que parte pode entrar, sem taxação? Juan, ouvindo esse mesmo loop expandido, que relaciona sons e mundo, imagens e ideias, lugares e pessoas, está convencido de que sempre vai querer correr o risco de pagar imposto.
Algumas coisas estão óbvias demais nas decisões de amigos que significaram grandes surpresas. Os motivos para uma conversa. Para um e-mail. Para um presente de aniversário. Vamos brindar pelas pessoas que desfazem os planos com paixão? Vou te mandar um vídeo amanhã?