Tuesday, October 25, 2011

- Presta atenção, Luisa: algumas pessoas são foguetes. A gente se distrai um, dois minutos, e elas estão lá na frente, rasantes. Não vamos confundir essa disparada só com aflição. É aflição e mais um bocado de coisas. As dúvidas não podem esperar por uma segunda vez, o mundo é muito grande, a curiosidade é um guidão; muito pouco reduzir a vida às pistas que a gente já conhece. Muito pouco e muita covardia. Milhões de anos para deixar de experimentar, por medo.

Monday, October 17, 2011

"Teresa se lembrou dos primeiros dias da invasão. As pessoas retiravam as placas das ruas de todas as cidades e arrancavam das estradas os painéis indicativos. O país se tornara anônimo numa noite. Durante sete dias, o exército russo ficara errando pelo país sem saber onde estava. Os oficiais procuravam os prédios dos jornais, da televisão, da rádio para ocupá-los, mas não conseguiam encontrar nenhum deles." (A insustentável leveza do ser, p. 162)

"E ele dizia consigo mesmo que a questão fundamental não era: sabiam ou não sabiam? Mas: alguém é inocente apenas por não saber? Um imbecil sentado no trono estaria isento de toda responsabilidade pelo simples fato de ser imbecil? (...) Não é exatamente no seu "eu não sabia! Eu acreditava" que reside sua falta irreparável?" (A insustentável leveza do ser, p. 172)

"Como já disse, os personagens não nascem de um corpo materno como os seres vivos, mas de uma situação, uma frase, uma metáfora que contém em embrião uma possibilidade humana fundamental que o autor imagina não ter sido ainda descoberta ou sobre a qual nada de essencial ainda foi dito." (A insustentável leveza do ser, p. 216)

"A vida humana só acontece uma vez e não poderemos jamais verificar qual seria a boa ou a má decisão, porque, em todas as situações, só podemos decidir uma vez. Não nos é dada uma segunda, uma terceira, uma quarta vida para que possamos comparar decisões diferentes." (A insustentável leveza do ser, p. 218)
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