É noite aqui. Estou ouvindo uma música que costumo ouvir em cidades diferentes. Curiosamente, tem um nome igual para todas elas - é um número, em algarismo. Estou vendo luzes vermelhas no vidro da sala. São todas lá de baixo. Onde eu podia estar, andando, ouvindo a música que tantas vezes ouvi, lá embaixo, em cidades diferentes.
Las cosas están cambiando. Y nos están cambiando. Recebi por e-mail. Antes ouvia a música que tantas vezes ouço, em cidades diferentes, lá de baixo. Hoje, não desci. Almocei num mexicano, coisa de 17h da tarde. Vi umas fotos. Tirei outras. Falei de música e de 2011. Em resumo, falei da vida inteira.
Estou com o copo vazio na mesa. Pensando na sede que estou de água. Se eu levantar, não digo tchau. Os retratos do Bresson estavam todos dizendo tchau. A música, com nome-algarismo, está acabando. Que história é essa que a música desenha na cabeça, lembrando alguma coisa? Por um tempo, a gente ouve e imagina. Até que, rápido, a gente escuta e só lembra.
Vou para Paris. E vou dizer "laisser aller".