Recebo uma mensagem no celular, Paloma, reclamando, você não escreve mais. Chego em casa, ligo o computador, senha, e anoto poucas linhas num e-mail simpático: escrevo, claro que escrevo, chiquilla. E digo que em casa, nesse mesmo computador, mas ando com preguiça de colar no editor do blog, essas coisas que tomam tanto tempo, com tanto tempo tomado lá fora, durante o dia e um banner para maionese. Conto que encontrei a Bruninha, numa pista de dança, no balcão colado a uma pista de dança, um hit noventeiro estourando alto, depressa, você se lembra de mim? E faço um sim com a cabeça, virando o copo inteiro, ganhando tempo para entender quem era. Se era. E sei que conheço, que já vi, faculdade anos atrás, quem sabe, mas não, é a Bruninha, trabalhei com você, estagiária da Soninha, lembra? Ah, claro, você era uma menina, a gente bem que se divertiu tomando água no quintal mal ajambrado da casa - ilegal - do escritório nos Jardins. Fico com a música na cabeça, enquanto Bruninha narra as peripécias da vida, trabalhei num banco, numa multinacional e agora estou querendo virar florista. Sensacional, tento dizer com convicção, mas já estou com sono, adoro fim de noite, mascando o hortelã de um mojito que nunca esteve bom. Eles colocam soda aqui, diz Bruninha, dando corda na conversa, lentinha, vai que pega a "composição de um drink legal". Adoro planta, respondo, meu avô me ensinou, a gente podava o hibisco que cobria o muro lateral lá de casa. Da casa dos meus pais, corrijo. Que coincidência, Bruninha confusa, sem saber se não estou interessado, ou se apenas estou esquecido. Bebo mais um gole e aponto para um casal de amigos. Estou com eles. Grandes pessoas. Tipo de gente que não sai do coração. Bruninha ri. Eu rio também. E a gente se dá tchau, com o compromisso de se falar amanhã ou na semana que vem - me passa o seu messenger, Rafa?