Toda noite penso que um jogo na televisão consegue deixar o mundo mais inofensivo. As coisas que eu sei, as que eu não sei. Quando lembro e quando esqueço. Um dia, inventaram a carroça, me falou Juliana agora há pouco, e me dei conta de que a vida toda dei a carroça por fenômeno natural. A natureza a gente não explica. Li num livro do Barthes. Li num livro do Carlos Fuentes. Assusta, mas não explica. É o que é. Soberana. Por isso a gente confunde Natureza, em maiúscula, com Deus. Não tem quem possa.
Juliana pediu um cheeseburger de fraldinha. Pedi um hambúrguer sem queijo. Falamos do filme que vimos e não gostamos. Sou pouco fã de Woody Allen. Sou mais fã de uma garota que desenhou Woody Allen com caneta de pena. Num determinado momento, quis pensar que a gente estava viajando. Experimentando uma lanchonete numa esquina que não conheço na Cidade do México. Ou em Toronto. Até fiquei aéreo, distante, imaginando o gosto do sanduíche que ainda não comi em Chicago.
Sentei agora porque preciso escolher o presente do priminho que vai nascer. Gosto de futebol de botão e outro jogo, de jogadores miniaturas e pés com alavancas; jogava super bem. Amanhã saio para a aula de inglês. Melhor dormir mais cedo.
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