Cheguei perto da porta, queria dizer tchau de uma maneira diferente. Também queria falar alguma coisa a mais, que a gente só fala no último dia, quando imagina que vai levar tempo para ver de novo - e a gente finge ter esquecido.
Fiquei esperando o começo, que era o mais difícil, porque depois vinham o meio e o fim, tudo exposto sem espaço para voltar. Falei que era bom ir, imaginar o mundo de onde imaginei um mundo; que estava sem entender muita coisa, disposto a correr se ficasse impossível demais. Tinha que ser agora, ou um pouco antes, mal nenhum se fosse um tempo depois. Olhou para mim, o olho já esfumaçado, a dicção atrapalhada, que legal é conhecer gente que tem muito da gente e que vai sempre deixar uma saudade especial. Quando a gente lembrar, quando a gente se perguntar, se. Vai casar, Fê?
A gente se falou que as coisas são assim. Sentamos numa cadeira laranja sem planejar, ganhamos um nome de usuário e uma senha, e inesperadamente nos vemos pensando num jeito de levar isso adiante com a ajuda de quem corre igual quando fica impossível. Vai voltar a estudar, Lu?
Então, falou que daqui a dois ou três meses estaria abraçando uma polaca, vai, tem coisa esperando o dia em que você vai querer correr, inclusive quando fica possível. Abriu um sorriso de leve, quando conheci, alguma coisa acendeu o sinal, esse moleque aí, cabelo desarmado, camiseta rala, esse moleque é para conhecer de perto, vou falar que tomo whiskey e convidar para uma festa, vamos parar num posto de conveniência, não tomo vodka, vou falar de uma amiga que viu nele, vamos arrebentar o sapato, vai beijar uma mulher mais velha, estamos rindo no sofá, o rapaz tocando cítara, uma amiga que viu nele, em você, especial.
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