Vejam bem.
A noite pode estar escura lá fora; tanto faz se falta ou sobra luz. Tem tanto tempo acontecendo. Tudo querendo ser saudade. Às vezes, tudo alcança. Nem tanto.
Sentei hoje num bar. Tudo o que eu queria era sentir saudade. Receber a homenagem de quem me conheceu num aeroporto em Asunción, para, mais tarde, num gesto de respeito e saudade, dizer: "curti".
Estou colecionando fotos e conversas de pessoas que precisam sentir saudade para ter certeza de que está valendo a pena. As noites mal dormidas, as noites dormidas tarde, as noites em claro.
Inclusive quem não esteve comigo sentado no balcão do bar pediu uma cerveja. Gelada. Por que e para que isso tudo? Falei de um show, do único show. Falei de três livros, os únicos livros que procuro para falar de mim.
Reparei em todas as paredes. Ouvi Federico Durand. Reparei em todas as paredes. Estão todas dizendo: "saudade do que imaginei que existia, para a gente, em comum." A cidade, mais mansa e agressiva, está esperando por novidade numa esquina sem consolação.
Tenho um amigo, grande amigo futuro, escrevendo um livro no escritório da casa de alguém. Por um tempo.
Vou pensar de novo nas coisas que aprendi. Nas coisas que imaginei entender, apesar de ter entendido que cada um entende de um jeito. Todos os jeitos estão valendo a pena. Todos os jeitos são vítimas de alguma condenação.
Não tomo mais mojito. Não tomo mais drink algum. Tomo cerveja e pago tragos para os amigos. Amigos que sentam comigo, para compartilhar solidão.
Um sampler de voz é a poesia que espero encontrar, mais vezes, em você, em gente como eu.
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