Juliana teve sempre esse jeito de cortar conversas para dizer alguma coisa que não fazia sentido para ninguém. Via de regra, levantando a franja com o indicador direito, olhando evasiva, até parece que todo mundo tem obrigação de ouvir.
Estávamos Laura, Felipe e eu, em roda, fechando a pauta do zine que planejávamos desde janeiro, com um rock suave de 2007 no fundo. Caramba. Tantas vezes tentei organizar uma publicação, sem entender o motivo, ou por quem, convencido de que a gente precisa fazer as coisas porque são as coisas que fazem a gente e o nosso mundo, por exemplo essa roda de música, valer a pena. Caramba.
Juliana interrompeu, ninguém reclamou, até eu preferi ficar quieto, deixando ela dizer, rápido, não perdíamos o fio, continuávamos depois, em tempo da mesma empolgação, de um insight revanchista, vamos ver.
- Vocês acham mesmo que vale a pena escrever sobre isso?
Nunca publicamos o zine, chegamos a escrever 27 páginas, layoutadas, mas ficamos com preguiça, sei lá. A música era essa daqui.
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