Saber combinar... Como? Quando a gente vê de fora, mundo diferente. Os sonhos são assim. Eu, você, do jeito que não há. Mas é tão, tão, digo. Tão. Basta um telefone, a voz do outro lado da linha, o que você anda fazendo? Um trago diferente, uma coxinha mordida na contramão. Vou bem, acho. Daqui, avesso do que vejo, o silêncio de quem observa sozinho. Sensação essa, hein? A perdição dos outros, perdidos tão-somente para olhos e ouvidos de alguém. Meu mal: encontrar demais. Nenhuma trombada é distraída. Tropeço, meu pé vai seco, não volta para casa sem um calo a mais. Mas por quê? - adorei a pergunta, desde pirralhinho. Explica, mãe, o Luis não é marido da Heloísa? Pode casar duas vezes? E ao mesmo tempo? Mentira de quem espera ver o mundo passar, passando por ele, cheio de promessas e dúvidas não-resolvidas. Todo mundo tem filho, pai? Professora, rei do Brasil? A utopia de chegar a ter certeza. Rezei, acreditando. Depois, rezei de novo, desenganado. De volta, a voz do outro lado: "claro, é meu primo, Víctor, você não entende?". "Desrespeitou você, Rafael. Só vai entender se ele comer sua namorada?". "A vida é mais que isso - e você não sabe nada da minha". "Vergonha de você, repetiu zilhões de vezes". "Errou, não pode?". "É respeito, Rafa. Respeito não admite negociação". Mãe, tem como recusar convite? O que vem acontecendo com você? Vou saber quando gozar na primeira vez? Cerimônias, agora, à custa de gente de precárias e pequenas delicadezas.
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