Às vezes, não sei. Têm vezes... Sente? Um encontro com o vazio. Não sei, chega, assim, desavisado. Pode ser no meio do sono, na noite fria; ou com o gosto de manga na boca. Essa ausência, a certeza de que a gente se quebra no meio do caminho. As coisas não ficam, ninguém fica. Vejo uma lembrança próxima, tão distante. Acompanho os passos de alguém que desceu a rua logo à frente. Na minha frente, digo. Depois, como se estivesse acordado, inquieto, no meio da madrugada. Sabe, não sei dizer bem o quê, como e quando. É. Coisa, não? É, sem contorno. É no vazio. Cheio de pistas. Tormenta é reduzir as possibilidades; trocar o mundo grande pelo dia-a-dia de trabalho. Negociar o risco pela certeza. Esquecer a vontade de ultrapassar. Então, num dia, em diversos, "bastar-se". Bastar se eu for capaz. Meus sonhos, a conta que têm comigo, no crediário. Pisar no chão, desprotegido, corajoso, ser o que é. Sem pacto, sem sócios. Espero. Agora, vejam, tantos, tantos anos, depois de tanto lucro e prejuízo. O som que não desmancha. Vou entrar e conversar, outra admiração. O efeito do tempo, o medo de todos nós, da gente. Na mesa, irreconhecível. O desespero que sobrou. A reconquista, depois do sangue derramado. Tem? Ah, eu sei: os anos, os traumas invencíveis, a conversa sagrada. Mas tem vida, aprendi que é uma só.
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