- Desculpe a confusão. Ando anacoluto. Sei, digo que não sou desse tempo, reconhecendo tudo em mim como produto desse mesmo tempo. Entendo, ficou difícil falar assim, comigo. Mas alguma coisa corre fora, sem controle. Tento ser honesto, e a desordem mente. Não, não. Erro, sim, querendo dizer a verdade; existe só por mim. Desculpa, eu, outra vez, hipérbato, sem termos, ao avesso. Porque algumas coisas, idéias, propostas e especulações são o princípio. O texto que moldam, o significado que encarnam, são outra história já. A distância que me separa da minha própria intenção; as ferramentas que me deram, o jeito de acontecer no mundo, sendo para os outros, não me serviu. Não sei me expressar sem falsificar o que vem dentro de mim. Sou uma falcatrua acidental. Minhas amostras são sinédoque, não. A falta de habilidade com as palavras, a falta de conforto com os outros, o olhar excessivamente investigativo... Quantas vezes, quantas? Falei contigo sem prestar atenção, medindo cada cílio teu, suas aflições. Ninguém fala comigo sem ceder um pouco. Por isso, quando digo, garanto proteção. Escondo, pois só eu sei o tanto que adivinho nos olhos de alguém.
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