Wednesday, January 17, 2007


O sol, às vezes, muda de cor. De pequeno, imaginava que a culpa era da sombra. O azul claro, o escuro. Com o tempo, aprendi que muita coisa é capaz de escurecer o verde-água. Que foi, em alguns desenhos, a cor predileta. Quando abria um estojo novo, com os lápis arranjados, em escala mais bonita que o arco-íris. Então, veio o patinho feio, o cão vira-lata, o albino, o vitiligo, o cor de fogo, a dívida compulsória de quem brilha diferente. Veio também a desilusão, traduzida como a perda da graça de coisas importantes. Em castelhano, é mais ou menos isso. E assim. No Manual da turma da Mônica, tive a chance de colorir a idéia dos outros, pintando o mundo com as cores que me refletem. Mas num desenho de 86, a sombra pisou pela primeira vez, e meu sol ficou mostarda. Insisti em gostar do amarelo, acima de todas as noites escuras. Fico em dúvida de vez em quando. Nenhuma cor é para sempre; explicaram que o sol morre, explodindo, a cada dia. Quando for sem luz, não serei mais. Sorte a minha. Em dias de tempestades tão cinzentas, faço força; vale a pena provar a resistência de um vermelho. Utópico.
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