Friday, September 08, 2006


Fecha a mão e faz o que podes. Larga-te no chão, gelado, a tempo de oportunidade. Entra, testa, sopra-te e abandona. Quieto. Um desejo conspícuo, que não se guarda, opera-se. Tem que, ou asfixia, na solidão. Calcule o lugar. Inventa, pode ser. Não te acerques com velas, que pingam cera e deixam rastro grudado no chão. Vá desnudo, se puderes. Sem pêlos, se os tiveres. Toca e será pecado grave, equívoco bestial. Vê. Lembra-te, porém, de piscar os olhos que, secos, lacrimejam. Sente o cheiro, o respiro. Persegue o calor, sem esfriar. No atalho, guia-te por ti, não confies em ninguém. No terceiro movimento, não olhes para trás. Tens de desmerecer, que estamos de passagem. Repita: "de passagem", em silêncio. Todo pensamento há de ser mudo, sem limite para ser. Goza, se precisares. Sem ejacular. Temerás, meu filho, posso ver. Não desistas, a renúncia não volta pelo mesmo caminho. Segue adiante, humilhadamente.
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