Aprendi diversas coisas com a Thaís. Vivia falando de bicho, de cachorros em especial. Quando podia, e era praticamente sempre, colocava ciência onde, sinceramente, nunca achei que precisasse existir qualquer coisa parecida. Por exemplo, um vinho com pão e queijo. Para mim, era isso. Um vinho, um pão, uma conversa deliciosa. Quem precisa mais do que isso quando escolhe fazer isso?
Thaís me ensinou a não prestar tanta atenção a tantas coisas. Não sei se era realmente uma preocupação com o jeito exageradamente sério com que eu via as coisas, ou se era ciúmes. Mas ajudou. Consegui, aos poucos, achar menos essencialmente importante saber se a opinião de alguém era de fato a opinião de alguém. Foi difícil, mas entendi que as pessoas leem o que querem, pelos motivos que quiserem.
Uma vez, num restaurante em Perdizes, achamos meio sem querer, sentamos para tomar alguma coisa, acabamos comendo bastante. Thaís pediu um risoto de mandioquinha e carne seca, eu pedi um linguado. Bebemos cerveja. E, brindando com cerveja, Thaís falou de uma coisa simples, cheia de sentido, esquecida para mim, para um monte de gente, que decidi não esquecer jamais. Na hora de brindar, ela disse, vamos celebrar sempre alguma coisa que esteja ao nosso alcance, aqui, com a gente. Perto e importante.
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