Quando acendeu a luz, falei "inflamável". Se, acordado, fosse assim. Dizendo o que sinto. Juli, assustada:
- "Inflamável"? Medo de fogo, agora?
- Queimando. O fantasma no escuro.
- Acordado?
- É isso. Queimo mais rápido quando falta luz - a brisa da noite alastra o fogo. O minuto dormido passa depressa, correndo. Debaixo da lua, fico sem acreditar no que enxergo sob o sol. Um estranho projeto de chama, apagado. Você me entende quando digo "antes"? Entende? Que quando digo "antes" é saudade de mim?
- Inflamável, é isso?
- Inflamado já. A vida está aqui - e apontou a queimadura, legado da George Foreman, na noite anterior. E não vejo trégua. Vou ardendo até o fim.
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