- Então, ela insiste em dizer que você anda muito sozinho?
- "Habitante demais de mim. De-mais, de mim. Ausente no mundo." - foi o texto que ela usou.
- E é ruim?
- Necessariamente?
- Não sei. É?
Quando conversava, prestava atenção dobrada para adivinhar o rumo da conversa. O diálogo antecipado era outro modelo de solidão. Quase um "ele com ele mesmo". E não sabia: se bom ou ruim. Mas era, tinha tempo, sendo cada vez mais. Das vezes em que subiu num ônibus sozinho. Em que leu um livro, viu uma peça, jogou Sonic, escreveu um texto, montou um site, nadou no escuro, fumou cigarro, fumou maconha, voltou o filme, dançou no quarto. Viajou, pisou mais longe, entrou, saiu, experimentou, falou, tocou, tentou, chorou, abriu, perguntou, sonhou, desfez, montou e apreendeu. Ou gozou, sozinho.
- Necessariamente?
- Acho que sim.
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