Wednesday, December 28, 2005

Vontade! Isso é: existir porque com vontade, com prazer de (re)descobrir idéias, formas e intenções. Vontade de entender que nada tinha entendido, que, talvez, o significado das coisas não seja nunca um, mas vários. Quando, folheando um livro, lembramos que, em muitos, muitos lugares do mundo, quem sabe do universo?, diversas pessoas seguem numa vida-lego, programada, cheia de encaixes perfeitos, ficamos com aquelas perguntas inquietas e azedas na cabeça. Mas as respostas têm vindo, ao menos em parte, de mansinho. Sim: a questão é: algumas pessoas se dão melhor com o previsível, com o testado. São as pessoas que nunca mudam o caminho de casa, que repetem os restaurantes, o chaveiro e os produtos de limpeza, que usam as mesmas marcas de cueca, que sentam naquele - e em nenhum outro - assento do sofá, que ajeitam a franja sempre para o mesmo lado, que ajustam o sinto no mesmo furo, que - como brincou Cortázar - apertam a pasta de dente sempre a partir do fundo. Enfim, essas são as pessoas que você conhece melhor, porque, como fiéis seguidores, proliferam as regras do mundo. E têm as outras também, menos numerosas, mas não menos paranóicas. Um professor meu batizou essa gente de "inquieta". Pois bem, esses são os que enfiam o pé na jaca só para experimentar o porquê da expressão. São também os que decidem a geléia de damasco no u-ni-du-ni-tê. Essas pessoas, acho, não fizeram exatamente uma opção. Aconteceu, e só. Isso: quando se deram conta, estavam já bem longe do jantar de família agendado para a quinta-feira. Ah, quando disseram "mas...", reponderam "e?". Acho que a confusão do mundo, o excesso de notícias e informações, o fetiche da tecnologia - com zilhões de celulares, ipods, computadores, câmeras digitais -; isso tudo tem favorecido a germinação da tal estirpe de inquietos. O aquecimento global também - ou você se esquecerá de que os melhores fungos e as melhores bactérias só crescem no quentinho?

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O falso infinito (imaginário) de nossos desejos é a expressão de nossa finitude real: por não sermos tudo, sempre desejamos ser algo. (Sponville)


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Lo democrático no es, por sí mismo, "bueno" sino "eficaz". Los deportes de masas, el turismo industrial, las grandes superficies como lugares de entretenimiento y consumo, o el arte actual, son fenómenos democráticos, espectáculos masivos, movimientos de millones de personas con colosales poderes económicos y escasa libertad. Se parece bastante al nazismo, con una diferencia esencial: los políticos democráticos procuran programar aquellos conciertos que les gustan a las masas, en lugar de adoctrinarlas con conciertos que las agobian y agreden. Pero en algunos lugares, los profesionales de la vieja política, los viejos historiadores, los teóricos y expertos de la escuela trascendental o nacionalista, siguen actuando como sacerdotes cuya obligación es conducir al Pueblo hasta el Valle de Josafat y enseñarle a comportarse debidamente. A los pobrecitos habitantes de esos lugares los machacan con una política eclesiástica, de formación al espíritu nacional, en línea con la militancia sacerdotal que destruyó a Europa en los últimos dos siglos. Felizmente, al cabo de unos años los ciudadanos acudirán al mercado para comprar el político que más les apetezca. Ya veremos si es Schoenberg.
(Félix de Azúa)


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Um ano em discos:

Broken Social Scene - s/t
Explosions in the sky - The Rescue
World's end girlfriend - The Lie Lay Land #2
Luisa mandou um beijo - s/t
Hacia dos veranos - Fragmentos de una tarde somnolienta
Wedding Present - Take Fountain
The Legends - Public Radio
M83 - Before the dawn heals us
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