Vontade! Isso é: existir porque com vontade, com prazer de (re)descobrir idéias, formas e intenções. Vontade de entender que nada tinha entendido, que, talvez, o significado das coisas não seja nunca um, mas vários. Quando, folheando um livro, lembramos que, em muitos, muitos lugares do mundo, quem sabe do universo?, diversas pessoas seguem numa vida-lego, programada, cheia de encaixes perfeitos, ficamos com aquelas perguntas inquietas e azedas na cabeça. Mas as respostas têm vindo, ao menos em parte, de mansinho. Sim: a questão é: algumas pessoas se dão melhor com o previsível, com o testado. São as pessoas que nunca mudam o caminho de casa, que repetem os restaurantes, o chaveiro e os produtos de limpeza, que usam as mesmas marcas de cueca, que sentam naquele - e em nenhum outro - assento do sofá, que ajeitam a franja sempre para o mesmo lado, que ajustam o sinto no mesmo furo, que - como brincou Cortázar - apertam a pasta de dente sempre a partir do fundo. Enfim, essas são as pessoas que você conhece melhor, porque, como fiéis seguidores, proliferam as regras do mundo. E têm as outras também, menos numerosas, mas não menos paranóicas. Um professor meu batizou essa gente de "inquieta". Pois bem, esses são os que enfiam o pé na jaca só para experimentar o porquê da expressão. São também os que decidem a geléia de damasco no u-ni-du-ni-tê. Essas pessoas, acho, não fizeram exatamente uma opção. Aconteceu, e só. Isso: quando se deram conta, estavam já bem longe do jantar de família agendado para a quinta-feira. Ah, quando disseram "mas...", reponderam "e?". Acho que a confusão do mundo, o excesso de notícias e informações, o fetiche da tecnologia - com zilhões de celulares, ipods, computadores, câmeras digitais -; isso tudo tem favorecido a germinação da tal estirpe de inquietos. O aquecimento global também - ou você se esquecerá de que os melhores fungos e as melhores bactérias só crescem no quentinho?
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O falso infinito (imaginário) de nossos desejos é a expressão de nossa finitude real: por não sermos tudo, sempre desejamos ser algo. (Sponville)
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Lo democrático no es, por sí mismo, "bueno" sino "eficaz". Los deportes de masas, el turismo industrial, las grandes superficies como lugares de entretenimiento y consumo, o el arte actual, son fenómenos democráticos, espectáculos masivos, movimientos de millones de personas con colosales poderes económicos y escasa libertad. Se parece bastante al nazismo, con una diferencia esencial: los políticos democráticos procuran programar aquellos conciertos que les gustan a las masas, en lugar de adoctrinarlas con conciertos que las agobian y agreden. Pero en algunos lugares, los profesionales de la vieja política, los viejos historiadores, los teóricos y expertos de la escuela trascendental o nacionalista, siguen actuando como sacerdotes cuya obligación es conducir al Pueblo hasta el Valle de Josafat y enseñarle a comportarse debidamente. A los pobrecitos habitantes de esos lugares los machacan con una política eclesiástica, de formación al espíritu nacional, en línea con la militancia sacerdotal que destruyó a Europa en los últimos dos siglos. Felizmente, al cabo de unos años los ciudadanos acudirán al mercado para comprar el político que más les apetezca. Ya veremos si es Schoenberg.
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