Monday, April 09, 2007


Depois da noite de festa, com baldeação de 3 minutos, seguida do ônibus noturno; sabida notícia desconfortável, a vida era mesmo incerta. Os dias mais curtos, suficientes para muita história, entre risadas novas e decepções. Existir sob a ditadura das sensações, irreproduzíveis. Na rua escura, o ruído de anos atrás. Agora, meio vazia, era saudade. Tanto antes, sem a certeza de que haveria ainda muito depois. Saudade. As feições reveladas acidentalmente. O medo foi porque, no fundo, sobrava alguma coisa por dizer. A rua de novo, sem as mesmas companhias. A mesma solidão, abrigo do sonho a caminho da destituição. Estivera ali: algumas paisagens permanecem em mim. Atravessou a rua: sobrados geminados, receios experimentados, a música, o álcool, a alucinação, amizades incendiadas, o sexo e a conquista do mundo. Tudo por vir, passado e visto já. A rebeldia é em nome da novidade; a ansiedade diminui o tempo da dor. Na calçada, cantaram alto, erraram o português, esquecendo-se de que nem tudo fica mais bonito no inglês. Viu Caio e Lígia, sempre juntos, no táxi. Viu Fernanda e Rodrigo, longe dali, convictos da beleza do que não existe. Viu o medo de esperar, sozinho, a volta para casa. O mundo não se repetiria, era esse seu maior valor. Ser, sendo uma vez. Ter sido, para nunca mais. O joão-bobo, inflado numa avenida da cidade. Ou a contagem regressiva para 2006. Não vou esquecer. A maravilha de cada gesto inédito chama uma esperança por vez. Tranqüilo, agora. O mundo cheio de paz; a fragilidade do que passa por mim pedindo para não deixar de ser. "Um pouco de paciência, rapaz; só um pouco de paciência".
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