Jorginho está sentado, na fila, esperando sua vez. O salão, ainda à moda antiga. Folheia duas revistas. Prefere sempre a de mulher pelada, sem graça. Por isso, começa com a de carro, chata, chata demais. Anos mais tarde, muito mais tarde, o "chata" da primeira virará "chato" na segunda, se me entendem. Incomodado com a demora, levanta para pegar um copo d'água. Escolhe a gelada. De volta, olhando o pai, percebe o jeito como cruza as pernas. Tinham dito na escola: "de menina". Porque ficava coxa com coxa, não canela no joelho. Disfarçando surpresa, pergunta, é novo, pai, apontando o tênis, visivelmente desgastado. O pai muda a posição, quem sabe Jorginho reconhece o M2000. O menino se senta novamente, menos preocupado. E põe um chiclete de maçã na boca. Tnhá, tnhá, tnhá.
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