Wednesday, January 14, 2009

Quando cresci, enquanto estava crescendo, fato que percebi no sabor do sorvete favorito, renovado com as férias do próximo mês, fiquei extremamente confuso com a falta de harmonia entre a calmaria que imaginara para a vida e as casas feias que encontrei no bairro para onde me mudei. Por algum tempo convencido de que a saúde do tio Fábio era de ferro - e para sempre -, o núcleo das amizades, sólido e transgressivo; e as festas, todas que existissem, celebradas para jurar carinho e apoio entre gente boa. Então, meio sem querer, porque não era para eu ir à padaria aquele dia, vi um cachorro apanhando com o focinho sujo de resto de lixo. O homem olhou para mim, xô, moleque, dá o fora daqui. Saí correndo e, na esquina, puta merda, fedelho, esbarrando na moça que trabalhava a três casas da minha, desculpa. Cheguei assustado em casa. Com sede, tomei um copo d'água, com cheiro bem forte. Fui até o jardim despejar o resto num pequeno vazo de violeta africana. E ouvi, absurdo que pareça, um vento soprando "obrigada". Exatamente assim, no feminino.
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