Sandra afastou a cadeira, espaço suficiente para sair. Recolheu a bandeja; o lixo dizendo o mesmo "obrigado" de muitos anos atrás. O cheiro de Big Mac nas mãos. Oho vermelho, moleza de saudade.
Atravessei a rua confuso, carro dos dois lados e bicicleta sem equilíbrio, quase em mim. Na esquina, a placa fora do lugar. Fechou?, perguntei, assustado. Nunca vai ser pecado. No domingo, a gente insistiu. Quantos você agüenta? Eu, meu pai e meus irmãos. Não vamos esquecer a batata da mamãe. Durante a semana, o mês inteiro mudava. Se na saída da escola, mesmo com prova de História no dia seguinte: overdose de alegria. Com batata grande e Sunday de sobremesa, por favor.
Saímos correndo de casa. Visto na tevê: pegando fogo. Brasa para todo lado. Dali, mais perto que podia, ficamos mansos, admirados. Tristes também. Quando me escondi, ofendido, debaixo da cama - não era a roupa que queria para o meu aniversário -, minha madrinha ofereceu The Waves e Playcenter. Arriscou zoológico também, tinha uma foto minha, dando tchau, na frente da jaula da ema. Não quis. Até o Salad Premium falhou.
Rafaela olhou nos meus olhos. Achei que era piada. Apesar da minha surpresa, vi mesmo uma lágrima. Seis anos e meio sem comer carne. Vamos, Gui, vamos. Se tem que ser exceção, e prefiro que haja, quero o gosto que me deixa triste, temperado com saudade. Quero um Quarteirão.
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