José Paulo está ali fora, sentado na mureta de uma padaria, a duas quadras da Paulista. A noite está quente. O cigarro acabando, só seis, conta com os olhos. José Paulo fez 49 anos na semana passada. Aniversário tem sempre a mesma pergunta. E? Nem tão calvo, nem tanto cabelo. Soube que um filho seu com Lia teria pele clara e cabelos castanhos escuros. José Paulo tem cabelos grisalhos agora. E não tem filhos. Luiz Alberto, seria o primogênito, o nome preferido, se Luara não, em 81. Todo ano tem aniversário. E? José Paulo perdeu emprego e certezas. Pernas cruzadas, quieto, alguns carros na rua, um casal saindo com pães quentinhos. Domingo é meio aniversário. E amanhã? Segunda-feira nunca foi nova na minha semana. Muda um pouco o sol que acende o vagão a caminho da Parada Inglesa. Horário de verão. Cigarros a menos. José Paulo trabalhou de figurante num dos primeiros filmes do Giorgetti. E foi caixa num retaurante italiano ainda adolescente. Na semana passada, fez 49 anos, ainda sem saber o que fazer da vida.
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