Sento com frio nos pés, descalços. Alguma coisa acontecendo lá fora. Um senhor de guarda-chuva, fugindo da garoa fina. À noite sempre molha mais. Vocês bem sabem. Fico úmido depois da meia-noite. Se sento para escrever, qualquer coisa que faça, acordado. Estabeleci correlações, na vida, que só se relacionam em mim. Universais. Meia-noite, inverno, Chauveau e saudade. Mariscos, segredos. E você. Uma placa riscada, Carrer Pamplona; pé gelado é distância. Das coisas que quis; das pessoas que quis e fazem falta. Com as meias que visto na hora de dormir, chego mais perto da língua morna, a vaca que me lambeu, volta aqui, moleque, já disse que não pode entrar aí. Não entro mais. Não posso. É mais fácil sentar com os pés gelados. Que é quando o inverno dá saudade. E o pasto proibido perde a cerca outra vez.
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