Sabe, algumas dúvidas, tudo o que o tempo não explica, que vem a ser tudo, um pouco de exagero. A maneira como o Bruno mexe o braço sempre que repete "folclore", o sorriso da Alessandra no momento da virada, a pizza oriental, o dedo indicador, a página mais bonita de Ana O. e outras novelas, o Cabaret Voltaire, o dadaísmo e a Lituânia, o sucesso do verde-água no estojo das aulas de artes, a nova música argentina, o endereço novo do artista antigo, o estreitamento das afinidades, o prolongamento do papo sem graça, do sexo sem tesão; a grande perda de um cachorro abandonado, o porre em estilo japonês, a faixa 2 do disco auto-editado, a janela que ficou em Cerdanyola, o preservativo molhado, a vida furada, o prato de domingo, as festas em dia de semana, a cerveja, o trabalho, a casinha dos santos que deixo na escrivaninha, a coincidência literal, o mimetismo do jardim da infância, a inveja entre famílias frustradas, a volta de viagem, a terceira intenção. De tudo, sem sentido, valem o esforço cotidiano o sonho e a ficção leal. Si me das un caramelo, jamás vuelvo a llorar, mamá.
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