Em algum lugar do mundo, no meu país talvez, ouvi um adágio, oração sem rima, embora ritmada; não lembro o que dizia. Só sei que, quando penso que dizia alguma coisa, sem saber o quê, fico longe, na melancolia que é minha, grande no peito, pequena para o mundo. Quando fui pequenininho, apostei que a minha vida seria diferente. Assustado, na rua, ou na saída da escola, estudava o rosto que seria um dia, porque acho que vou ser assim. Se eu for - sendo, serei feliz. Cresci sem deixar de me sentir minúsculo, por causa das relações, provavelmente. Tudo de mais sincero mentiu, por isso doeu tanto e o tamanho diminuiu. Meu projeto era colecionar mundo, remontá-lo, com fantasia, no erro de cada gesto falho. Dos anos e anos que fiquei no mesmo lugar, têm sobrado muitas lembranças, muitos bichos, paisagens, e poucas pessoas, que se matam pelo mesmo espaço e pela moeda de duas caras que não valem nada.
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