Quando acordou, o rei do Único Céu, num ato de pouca razão, decidiu abrir, de uma só vez, os portões para o todo azul. Esperanças e mentiras, gotas e colheradas, tapires e rinocerontes, abraçados e enlanguescidos, desesperados, famintos, generosos, mesquinhos, mesas e abajures, lilases, vento e tapetes, todos, todos, em tumulto, correram por esse-lugar-é-meu. Pura violência. O rei de herdeiro nenhum proferiu as últimas palavras sob estrondosa bagunça e expectativas de alguns. Seu alerta foi soprado em voz grave e com palavras corriqueiras, abafado por gorda histeria. Aqui - disse ele -, é bom que se saiba, todas as desculpas serão indeferidas. Ui, sai fora que eu quero passar. Vai, anda filho da puta. Mas vai ter lugar para todo mundo? Não, Eilane, não podemos esperar a sua mãe. Meu pé, minha perna, pelo amor de Deus. De Deus. De Deus.
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