Tuesday, April 11, 2006



As crianças aprenderam a aprender. Que passariam a vida aprendendo. Porque, ah, senhores, a vida, a vida. E esse vazio que asfixia - é cultura. Que disfarça a nossa ausência, a temível falta de sentido. Então, quando ainda estavam no tanque de areia da Rua Helena - ou seria Helen Street? -, no tanque em que brincavam, ouviram um veste-a-camisa-marcelo. Ou um cadê-o-sapato? Tudo esse labirinto tão estonteante... Que começa e não termina. O saber de onde veio, em versão tão inventada, vira motivo de vida, que deve ser preenchida. Vira razão de ser, porque às vezes, para não dizer sempre, falta uma. E, então. E então? Ahhh, fizeram tanta coisa, e me sinto sempre tão eco de algum fato longe. A religião, ou a moda, ou o cinema, é tudo uma cópia vagabunda das mentiras de cá, lançadas ao mundo como ordens naturais e absolutas. Naturais. E absolutas. E no veste-a-camisa-marcelo se esconde o medo de não saber por quê. Que explicação teria ter sido, sem protesto, a regra chegada tão de fora? Essa cultura, essa sublimacióooon. Assim, em forma de assobio, para não ferir demais, para ser o que sempre foi e continuar sem lamentação.
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