Imagine você, falou Leandra, enquanto saíamos do metrô, se tudo o que a gente conhece, principalmente as pessoas, no que elas têm de igual e diferente, no final das contas, não dá uma média doce? E, por doce, entendi, ou tive a mesma sensação de quando, a mesma brisa que varreu meu rosto num dia de 2007, poucos quarteirões depois da saída do trem, Sants Estació, em Barcelona. Sim, repetiu: entre as tragédias e as gratificações; os amigos e inimigos; os filmes, que aconteceram na sala de cinema, na sala de casa, e as cenas improváveis dos dias de colégio, nas férias da universidade; a saudade e o excesso; o leite de cabra, de vaca; o traço que atravessa todas essas coisas, essas ideias: você, parte mel, parte limão.
Leandra estava estudando Química, quem diria; sonho de pós-graduação na Alemanha, não falo, não. Logo na escada do Anhangabaú, três anos que deixamos o colegial para ensaiar um projeto de vida, o principal, parecesse bobo, acho que a gente só fala disso trinta anos depois, olhando o banco onde esquecemos a fita que amarrávamos na mão, selando amizade, separando o mundo de gutus, ludus, rodrigus, do universo inteiro, gigante, sem muito interesse entre quem se conhecia tanto, tamanha confiança.
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