Caramba, única, única Catarina que conheci, fogo, fogo, que eu vou descer. Saindo de Buenos Aires até Rosario, mais uma estrada numa viagem de vinte e poucos dias. Filha solteira, velha antes, da idade que tenho agora, mas conheci com 12 anos. Catarina e a mãe, óculos de aros escuros, fora de moda, quando não era moda. A gente dormia, Catarina lendo um livro do Paulo Coelho, a luzinha do ônibus, modelo dos 80, em 92, a gente descansando, noite longa, viagem demorada, não vamos parar tão cedo, escuro lá fora, só um ponto de luz, no fundo, acordado aqui dentro. E o fogo, fogo, meu Deus, começa baixo, mas fica indiscreto, Catarina grita, tem fogo, fogo, para que eu vou descer, motorista, Deus meu, misericórdia. E os passageiros, confusos, as luzes acendem, o ônibus no acostamento. Vem da frente o extintor, shuuu, shuuu, fumaça, cheiro forte, coisa branca, muito branca, e o fogo acabou. A luzinha e o livro de Catarina, meu filho. Desculpe, pessoal. Fiquei nervosa.
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