Quando danço assim, corpo chacoalha, se vem de cá e vai pra lá, sobe ou desce, estica e encolhe, tem até música da Xuxa. Mas quando danço assim, no meio do quarto, da rua; se perco a noção dos minutos e das horas, se me lembro de muita coisa e invento outras tantas, revendo gente que conheci e pessoas que esqueci; quando o céu fica mais perto daqui debaixo, ou sou eu no alto de uma cordilheira nevada; o frio, o calor, tudo vira primavera, em abril; confundo Avenida Paulista com Grande Avenue e vejo um mamute no zoológico daqui, essa estação de metrô que arrisquei em Berlim; porque tem esse balanço, de quando o ônibus pega no tranco, minha tia pedalando no banco da frente, vou sentir que foi mais, bem, bem mais que simples 3 minutos e 42 segundos de uma bonita melodia em francês.
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