Thursday, February 22, 2007

Deitado; o céu era imenso. Estrelado, com a cor do universo, inapreensível. Apreendendo a posição de cada uma, buscando seu próprio lugar, improvável. A vida são as invasões, pensou. Bárbaras, disse Fernanda, em voz alta. Tudo vivido e abandonado. Sendo, sido. Os desencontros, caminhos doídos, sem volta. Quando tiver sido, foi. Sonhos devastados; a negociação da emoção permitida. A vida acontecendo. Fica um fio triste; até a lembrança da renúncia fica bonita. O vício e as traições. Um para cada lado, um polígono-labirinto, onde esqueci as minhas coisas? As aventuras contam a favor... Senão, de nada valeria acontecer de eu ser gente, e gente é outra alegria, diferente das estrelas. Quando caiu a chave, e a música parou. São as invasões bárbaras: crescemos atravessados, em declínio; nosso império cedendo à força dos outros, grande e apequenado, com carne e símbolos particulares. O terreno do que é meu esfacelado com a lembrança alheia, em ausência. A saudade. A civilização que escapa, legado de um tempo ido, desmoronado. A cada pessoa nova, um procedimento de violação. Meu império, sem fronteiras, até deixar de ser, fechado para sempre, dentro de um corpo morto. A herança, a tentativa de permanência, a descendência como último suspiro. Nem o mais forte sobreviverá. Não mais.
free web stats