Shake your rattle-snake skin
And become a part of society
Wait on down the highway
To see how far I'll come a-run a-run run running
All that we had salvaged from the fire
Was a waste of time
(But) what a waste of time
Um dia inventaram o pop. Não se sabe bem quando. Nem onde. Há quem aponte para o topetudo; há quem culpe o swing. E há os mais atrevidos, que falam de Shakespeare (sim, Shakespeare, porque há registros de que seu teatro foi sempre muito popular - é só olhar para o cinema hollywoodiano), ou mesmo de Ésquilo, de Sófocles e de Eurípedes. Enfim. O que interessa é que isso que chamaram de pop ganhou tal força que, já não há dúvida, se tornou a maior expressão do século XX. A todo grande conflito histórico parece corresponder uma celebridade. Lênin é pop. Hitler, Mussolini, Franco. Getúlio. Alexander Dubcek e Sartre. Jânio. Camus, Cortázar, Jorge Amado. O papa é pop, estão lembrados? A lista é longa e tromba, quem diria, no nosso excelentíssimo Luiz Inácio Lula da Silva. Benjamin alertou: em tempos de cópias, não há originalidade possível. O sagrado está perdido. Pervertido. A arte vendeu a aura ao Diabo. Nosso ídolo pop é isso; Lulinha, és farsa, companheiro. És farsa.
Pois bem, entre os que se propõem a jogar o jogo da cópia, do eterno simulacro, há aqueles que se divertem e, talvez por isso, divertem os outros. É o caso do rapazote aí em cima. E de sua trupe. No ano passado, apareceram nas respeitáveis listas de melhores do ano. O nome é quase um período: Clap your hands say yeah. São uns carinhas de Brooklyn, NY, freaks que só o pop sabe vender. O vocalista canta mal, porque grunhe. Mas diverte. E com bonitas melodias.
Há uma semana, estava eu, palpitante, no centro da galerinha pop e cool - porque cool virou atributo do pop - que se divertia em meio ao show do quinteto. O set foi divertidíssimo; a apresentação foi divertidíssima. Porque era mostra pop; e, no pop, não faz falta entender o que se canta, se o que se canta diverte. Então, a platéia latina acompanhava a melodia com um "uhuuu uuu uhuhu". Que graça; o vocalista se divertiu às pampas com a imitação que o público fazia da melodiazinha do teclado. Putz, o pop tem momentos incríveis. E incrível também foi assistir ao guitarrista/tecladista esbaldar-se em suor, e em risadinha, dançando de lá pra cá, com afetação pra lá de pop. Que leveza. O pop é mesmo capaz de divertir. É alegria rapidinha, com validade no limite, suficiente para fazer agüentar. Isso, o pop entretém e disfarça. Que truque, hein???
Por fim, Clap your hands, assim, concentrado, é indicado para uma tensão ou outra aflição. De tão rápido que passa, tão mais rápido que os dias contados, vale uma chance. Comece por "The skin of my yellow country teeth".
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