Mariana está esperando na garagem do prédio. Eric está atrasado; pediu para ir ao banheiro. O mais engraçado: "pediu". Mariana e Eric têm um jantar marcado na casa da Alessandra e do Rafael. Eric não faz tanta questão assim. Mas prefere preservar o fim de semana, conhece o barulho de um "não". Eric tem um mal: por receio, às vezes preguiça, leiloa seus 10 próximos dias, alheio ao risco de serem 10 anos. De vez em quando, vale a pena. Noutras, fica mais velho, com menos tempo de poder fazer, numa segunda chance, depois.
Mariana quer jantar com Alessandra. Eric e Rafael foram bons amigos. Escreveram um blog juntos e acreditaram que veriam a Copa de 2014 do mesmo sofá. Até parecem com Fábio e Andrade, que trabalharam juntos, foram padrinhos um do filho do outro e se falaram por meio de advogados quando a imobiliária quebrou.
Eric está pensando sobre o que falar com Rafael, enquanto Mariana e Alessandra falam de um programa de televisão. Está olhando os objetos em cima de mesa de centro. Um livro com capas de disco de rock. E duas velas. Comenta que está com sono; muito trabalho. Explica que viajou para Curitiba. Alessandra ri alto e diz que tirou uma foto incrível. Eric não faz menção de querer ver. Rafael serve mais cerveja. De alguma maneira, anda tudo meio estranho. Percebem um no outro que acidentes acontecem. Todos têm razão, ninguém quer (ou precisa) ter culpa.
Na terceira cerveja, Eric coça o cotovelo. Pensa num dia de 92. Como admirava o próprio pai. Toca a campainha; a pizza chegou. No elevador, com o Rafael. Deixa que eu tenho trocado.
O que será que aconteceu?
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